Parangolés
Os Parangolés são capas, faixas e bandeiras construídas com tecidos e plásticos, às vezes com frases políticas ou poéticas. Ao vestir, correr ou dançar com um Parangolé, a pessoa deixa de ser um espectador para se tornar parte da obra de arte. É a partir do samba, da dança e da rua que Oiticica rompe definitivamente com as divisões entre artes visuais, música e dança, bem como com as noções de “estilo” e “coerência estética”, chegando a sua “descoberta do corpo”.
A visita ao Morro da Mangueira e o contato com a Estação Primeira de Mangueira colocou Oiticica em contato com o êxtase do samba, com seus ritmos dionisíacos e com uma comunidade organizada em torno da criação. “A partir da experiência com a dança, surge o parangolé, nome que Oiticica encontra em uma placa que identificava um abrigo improvisado, construído por um mendigo na rua, na qual se lia ‘Aqui é o Parangolé’.” As capas coloridas continuam a afirmar a importância da cor e do movimento na obra do artista. Ocorre uma incorporação entre a obra e o participador dançarino. Dissolvem-se assim as fronteiras entre a arte e o corpo, entre o artista e o espectador, entre a obra e o espectador. Para Oiticica, tal integração seria capaz de conduzir o espectador a uma nova atitude ética, de participação, coletividade e mudança
Parangolés. Exposição “Opinião 65”, MAM Rio de Janeiro, 1965
Jerônimo com Parangolé P8 Capa 5 – “Mangueira”, 1965
Caetano Veloso com Parangolé P4 Capa 1, 1964
Nildo com Parangolé P15 Capa 11 – “Incorporo a revolta”, 1967
Nildo com Parangolé P4 Capa1, 1964
foto: Andreas Valentin
Frederico Morais com Parangolé 20 Capa 16 –“ Guevarcália”, evento Apocalipopótese, Aterro do Flamengo, 1968